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Foto do escritorFelipe Alecrim

PARADOXO DE GARGÂNTUA | Parte 2 - [O que se vê acima das Nuvens]


Texto escrito em meados de 2012.


A brincadeira que nos invade e que mostra todos os desenhos que a imaginação pode formar, observando o possível e o impossível, passando horas e horas saindo de si apenas com seu subconsciente. O retrato do real, do abstrato, do anormal, da inocência, da imaginação, da decepção, da essência, do poder, do saber, do querer e do ter. Todas as imagens que sua mente pode te mostrar, ali, apenas, ali.


Olhando por baixo, se vê tanta coisa. Podemos ver o brilho do sol, que surge e nasce ou se esconde e se põe. A riqueza da Lua, ultrapassando as barreiras dos nossos olhos que tentam decifrar mensagens e imagens que ela nos passa. Olhando por baixo podemos até prever a chuva ou o sol do outro dia. Percebemos o quanto tudo se estragou com o desprezo do homem. Reflexões sobre tudo, sobre todos, sobre o mundo, sobre o fundo da alma calejada de dor ligada a um coração sedento de amor.


O inacabado e atrelado fato do ato de saber o que pode se ver olhando por cima, se liga pela ambição de decifrar códigos, descobrir maravilhas e se realizar com aquilo que nunca se imaginaria.


Olhando por cima se conhece a pureza daquilo que nunca foi visto antes, a beleza refletida nos olhos de qualquer um, um pecado perdoado, dentre um estado de espirito infinito e profundo de saber que você não passa de apenas mais um moribundo.


Longe de todos os medos, traições, decepções, fracassos, acasos, dores e temores que nos entristece e nos aborrece, mas por um minuto, apenas um minuto, tudo isso se esquece.


De volta à realidade, tenho a triste percepção daquilo que bate a porta da minha vida. Todas as pessoas deveriam experimentar a sensação de ao menos por um instante saírem de seus corpos e se dirigirem a essa imensidão azul que pode se ver acima das nuvens.


O que se vê acima das nuvens é a versão original de um mundo perfeito.


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2018. O que eu diria ao Felipe de 2012 após reler esse texto? Sobre o texto em si, nada. Sobre mim, talvez algumas coisas, mas sobre meus devaneios, nada.

A imensidão ainda me impressiona, ainda me fascina e ainda me inspira.

A cada passo, cada voo, cada volta do ponteiro. No vai e vem do aeroporto, na bagagem esquecida, na ansiedade do embarque e do desembarque. No nascer e no pôr do sol, no frio do ar condicionado e no calor do verão. Cada nota esquecida, cada melodia não escrita. Em tudo que pensamos, falamos e vivenciamos, dos pequenos detalhes até o jogo decisivo.

Do goleiro ao centroavante, do armador até o pivô, sem exceção. Da marmita de 12 reais até o jantar fino de 300 no metro quadrado que vale ouro. Na vontade de xingar até a vontade de abraçar e chorar junto, na noite sem dormir por não conseguir respirar direito.

Entender que nós somos apenas UM GRÃO DE AREIA na imensidão das galáxias me faz colocar os pés no chão todos os dias e entender que nada pode diferenciar as pessoas e que nenhum tipo de prepotência é aceitável. Somos iguais e minúsculos perante a imensidão pra desmerecer qualquer um, em qualquer situação. Vivendo aqui, no nosso pequeno e "Pálido ponto Azul".

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