top of page
  • Foto do escritorFelipe Alecrim

Para minha amiga, (falta de) inspiração.


As ideias se organizam de forma aleatória na minha cabeça. Onde estão as inspirações? Tem épocas que elas absolutamente somem e vão para o além, onde parece impossível de encontrá-las. Isso definitivamente acaba comigo. Inspiração se pratica? Eu acredito que sim e sei dos métodos que existem para mantê-la ativa. Criar é (também) uma prática que assim como o próprio termo, precisa ser praticada, mas, (me perdoem o palavrão), puta que pariu, como é difícil praticar isso nesses períodos que parece que não tenho NADA a dizer, nem sequer pra mim mesmo.


Me sinto meio vazio quando não tenho nada a dizer. "Ah, mas que dramático". Eu sei, parece mesmo, não posso negar, mas é o sentimento. Vivo dizendo por aí que as pessoas precisam externalizar o que sentem, em pleno 2023 eu incentivo as pessoas a terem blogs, para poderem colocar no papel aquilo que sentem, como se fosse os tradicionais diários que outras gerações usavam. Porém, no fundo da minha consciência, sei que não pratico o que incentivo. Esse texto por sinal, vem de uma noite sem muito o que fazer, mas aproveitando a ausência de sono pra me forçar a escrever, seja lá o que for.


Estou vivendo aquele momento sem muita inspiração criativa. Há algum tempo não componho alguma música ou escrevo algo que realmente me deixe satisfeito. Isso pode soar como normal para outras pessoas, mas a mim incomoda, confesso. Não gosto, me sinto meio inútil. Já vi até o Caetano falando sobre esses hiatos criativos, racionalmente sei o quanto é normal, mas mesmo assim continuo incomodado.


Inspiração é um sentimento que me move. Amo a ideia de desenvolver algo que pensei, tirar da cabeça e fazer acontecer, seja o que for. Ultimamente tenho pensado bastante no meu desenvolvimento a nível profissional, sinto que novos caminhos estão pela frente, isso inevitavelmente me deixa ansioso e a consequência é ficar pensando nisso e não criar nada.


Ontem assisti um filme que mostrava a vida de um cara que deixou pra trás o sonho de ser escritor… fiquei pensativo em relação às escolhas que fiz e outras que tenho que fazer em breve. Parece que cada dia que passa fica mais claro o que eu realmente me sinto genuinamente feliz em fazer, mas ao mesmo tempo dá um certo medo em relação ao que vou precisar viver até encontrar um lugar que se encaixe naquilo que acredito.


Pra mim, inspiração é muito mais do que fazer uma palestra ou lançar um livro para "inspirar pessoas". Eu quero juntar toda informação que recebo todos os dias da minha vida e colocar a minha visão, a minha óptica, o meu posicionamento e a minha interpretação sobre o que vi, ouvi e senti. Mas, isso é tão difícil. Tem épocas que me sinto um como um HD, apenas recebendo e enchendo a memória, mas sem fazer nada com toda informação que tenho armazenada.


Mas, o que estou fazendo pra mudar isso? Ultimamente nada. Sei do caminho, seria como criar uma canção: pegar o instrumento, dedilhar, cantarolhar, entender os diversos caminhos que as melodias e harmonias podem te levar e depois organizar toda essa ideia na ilha de produção. Onde você decide o andamento, mapa da música, define timbres, arranjos, solos etc etc etc… é o método mais comum, eu sei de tudo isso.


Talvez esteja meio confuso e preocupado, principalmente em relação às indefinições dos caminhos da minha vida profissional e isso naturalmente (e infelizmente) vem fazendo com que eu deixe em segundo plano os caminhos criativos que sempre amei.


Me resta tentar condicionar meu pensamento e refletir que se trata apenas de mais uma fase complexa, porém comum da vida. E também olhar pelo aspecto de que esse texto pode servir de lembrança quando tudo voltar ao normal.


Inclusive, pode ter sido um ótimo exercício, pensar que num momento de inspiração zero, usei esse espaço para relatar e futuramente refletir e aprender como essa fase passou. Assim espero.


Mais um texto em primeira pessoa, falando abertamente sobre mim, sem muita filosofia, completamente exposto e com o sentimento de ficar choramingando. Faz parte, pelo menos sei o quanto isso ajuda.


Pelo menos deixa de ser tão aleatório quando paro, respiro, me dedico e explano, nem que seja pra mim mesmo. Assim a fila das ideias aleatórias da minha cabeça anda. Até a próxima paranóia.


Só pelo sono ter dado sinal de vida, já valeu a pena.

bottom of page