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Foto do escritorFelipe Alecrim

Comunicação e Pessoas


Processos, ferramentas, pessoas e cultura. Os 4 pilares do DevOps que meu brother Eduardo Junque me ensinou lá por volta de 2018 (e eu sou eternamente grato a ele por todo ensinamento que dura até hoje. Amo você, mano!) continuam sendo peças muito importantes no profissional que sou hoje. E o fim do ano de 2022 me fez refletir bastante sobre meu propósito de vida, aplicação disso na vida profissional em relação a gestão de um time e o quanto nós estamos tirando esse discurso humanizado do papel, nos preocupando em deixar de parecer corte de podcast e efetivamente dando ferramentas ao time para que eles definitivamente tomem o protagonismo de suas carreiras. Será que isso está só no discurso? Enfim, reflexões…


Obviamente, nada aqui é pra transparecer como "o exemplo a ser seguido", jamais busquei isso pra minha vida. Sou um profissional que apenas tenta estar em constante evolução e aprendizado e justamente por isso estou exposto a erros e acertos. Deixar esse disclaimer é importante para não soar como "O caga regra" kkkk.


Aperta o cinto que a viagem vai ser longa…


Levando em consideração os 4 pilares do DevOps que citei acima, um dos caminhos pra montagem de um time é seguir o raciocínio de: Entender o que o time faz pra definir os melhores processos para aquele tipo de trabalho, após isso buscar as melhores ferramentas que atendam aos processos definidos, a partir disso definir qual o melhor perfil de pessoas para compor aquele e consequentemente criar uma cultura unificada, bem definida e se baseando nos outros 3 pilares. Esse seria o pensamento básico de estruturação de um time levando em consideração os pilares do DevOps.


Mas aí, o que me faz pensar e cada vez mais direcionar as decisões da minha carreira com esse viés é o quanto que nós estamos valorizando os dois últimos pilares (pessoas e cultura). Mas assim, realmente saindo do discurso e encontrando formas concretas de evoluir o time em seus softs skills, em sua comunicação, seu senso de organização, sua maturidade e sua empatia no dia a dia.


Cada vez mais surgem novas tecnologias e ferramentas com intenção de melhorar o desempenho e a performance de tudo, mas será que em paralelo a isso nós estamos dando a mesma importância ao desenvolvimento pessoal do time? Obviamente eu não desvalorizo a importância de processos e ferramentas bem definidas, isso sem sombra de dúvidas deve fazer parte do dia a dia de qualquer departamento. Por isso acredito bastante na aplicação das metodologias ágeis, que estão cada dia mais populares. Melhoria e entrega contínua, se antecipar aos problemas, validações e aprovações e etc. Tudo isso define a organização das entregas de cada projeto. Só me assusta um pouco a ênfase de um lado e o aparente descaso com o outro.


Hoje em dia é muito fácil falar de propósito, de prosperidade, de humanização e usar o selo de Great Place to Work pra esconder a narrativa daquilo que realmente se passa no dia a dia.

O pilar "pessoas" pode (e deve) envolver muita coisa. Gestão 3.0 e seu direcionamento de tomadas de decisão de forma horizontal, quebrando a forma dos anos 90 de trabalhar, onde a hierarquia decide e impõe os caminhos. Comunicação Não Violenta, que apesar de detestar esse nome, te faz entender os vários tipos de comunicação que nós somos expostos diariamente e o que fazer com cada uma delas. Aplicação de ferramentas de autoconhecimento, como por exemplo: Feedback 360; Moving Motivators e Matriz de conhecimento. Enfim, efetivamente encontrar ações que ajudem o time a se desenvolver.


No fim das contas, processos e ferramentas bem definidas são extremamente importantes no dia a dia, porém nada acontece se as pessoas não quiserem.

Me deparei esse ano com o desafio de lidar com muitos profissionais novos (de idade e tempo de carreira) e esse é um desafio e tanto atualmente. Como lidar com o ímpeto de um jovem sem pular etapas? Sem criar expectativas? Fazendo de tudo pra que ele entenda o valor e a importância de todas as etapas do processo? Assim como diria Rocky Balboa "Um passo por vez, um soco por vez e um round por vez" (Meu time vai rir quando ler isso kkkk).

Inclusive, o próprio contexto de chamar de TIME usando conceitos vindos do esporte.


Ganha um, ganham todos. Perde um, perdem todos. Encarar o trabalho de forma coletiva e colaborativa, onde cada um pode ajudar o outro na evolução, na definição do melhor caminho a ser seguido e na construção a várias mãos. Isso pode trazer um senso coletivo muito grande na formação e evolução das pessoas. É muito popular o pensamento de "mas eu sou só mais um número na empresa", pois é, mas encontrando ferramentas e ações de autoconhecimento cada profissional pode evoluir de forma individual enquanto entende os valores de time. E isso pode ser aproveitado em qualquer âmbito da vida, seja pessoal ou profissional. Inclusive, quero falar sobre essa divisão de personalidade logo mais.


Voltando ao desafio de 2022. Muitos profissionais novos fizeram parte dessa jornada. Lá no início era uma responsabilidade que tirava meu sono. O que fazer pra evoluir essas pessoas sem ser irresponsável, sem vender sonhos, lidando com a ansiedade tão presente em todo mundo e sem parecer coach de podcast?


Tive uma ótima oportunidade de conversar com os alunos do Instituto Federal de Muzambinho em Minas Gerais no meio desse ano, onde tentei transmitir a mensagem da importância da evolução de soft skills. Se manter atualizado tecnologicamente é extremamente importante, mas é preciso não esquecer do lado social.


Me deparei com profissionais recém formados e outros ainda cursando, mas o que vi de perto mesmo foram pessoas precisando de "desintoxicação" por conta de ambientes hostis, desorganizados e tóxicos. Foi disparado o que mais precisei lidar durante esse ano. Pessoas que vieram de empresas que se preocupavam muito com as tecnologias e ferramentas e absolutamente nada com as pessoas por trás de tudo aquilo. Pessoas que estranham quando ações para evitar o micro gerenciamento são tomadas. Pessoas que estranham quando são elogiadas por algo positivo, que ficam surpresas quando a responsabilidade sobre uma decisão é dividida entre todos do time e entendem que o crachá do teu cargo é só um mero detalhe num ambiente onde todos têm voz para expressar sua opinião.


Pessoas que desabam quando algum exercício de reflexão pessoal é proposto, porque nunca tiveram a oportunidade de olhar e pensar sobre si mesmo, mas apenas sobre métricas, metas (geralmente mal definidas), números, entregas e etc.


Pessoas que construíram a sua definição de "evolução" apenas em certificados e diplomas e nunca tiveram a chance de refletir sobre comportamentos, maturidade, empatia, comunicação, trabalho em equipe e etc.


Pessoas que depositam na empresa ou na liderança a esperança da resolução de todos os seus problemas e que não refletem sobre os passos que podem tomar por si só em busca da resolução. Ou quando pensavam sobre isso, eram condicionadas a encontrar uma solução do dia pra noite que resolvesse todo o problema. Nunca tiveram o apoio e o pensamento de planejar o passo a passo (ia citar o Rocky de novo, mas eles vão rir kkkkk).

Infelizmente essa foi uma realidade constante.


Inclusive, trazendo de volta algo que comentei a pouco, muita gente hoje em dia tem o costume de separar o perfil pessoal do profissional. Eu confesso que sou meio contra isso, afinal de contas se teu ambiente de trabalho faz com que você precise ter essa personalidade que só cabe ali, pode ser um sintoma de que a empresa não te dá liberdade de ser você mesmo. E mais uma vez a gente cai no papo de propósito e de humanização que fica apenas no discurso e no post no Linkedin, infelizmente.


E no fim das contas um caminho que eu acredito ser viável e positivo pra lidar com esse desafio passa muito por várias coisas que já comentei. Apresentação e aplicação de ferramentas de autoconhecimento (Moving motivators, feedback 360 e matriz de conhecimento), tomadas de decisão de forma horizontal, onde todos têm voz e liberdade pra propor caminhos, assim como direciona o gestão 3.0. E aquele que pra mim é o principal fator pra qualquer tipo de time: COMUNICAÇÃO.


Observação, sentimento, necessidade e pedidos, são os 4 pilares da comunicação não violenta. E cada um deles te faz refletir sobre a importância de saber se comunicar, mas vamos pensar alguns passos antes.


Já parou pra pensar nos vários tipos de comunicação que temos durante o dia? Conversar com o time técnico, o time criativo, receber e interpretar a tarefa/projeto, a devolutiva das entregas, a gestão de crise de informações externas que não batem com as informações internas etc etc. E pra citar apenas as comunicações no ambiente de trabalho, pois ainda temos comunicação com familiares, cônjuges, amigos etc etc etc. O principal aprendizado que o CNV pode te trazer é a reflexão sobre como ter uma comunicação personalizada com cada indivíduo que passa na sua vida. Sabendo ouvir (porque se comunicar também é ouvir) e interpretar que tipo comunicação você precisa dar pra outra pessoa. Talvez esse seja um dos pontos relacionados à empatia aplicado na prática.


De forma muito resumida:

Observação: É o pilar que te direciona a OUVIR. Direcionar toda sua atenção ao que a pessoa está dizendo.

Sentimento: A partir da sua atenção máxima sobre o que a pessoa está dizendo, você passa a interpretar o sentimento que ela te passa quando está falando. Se ela está feliz, brava, com raiva, ansiosa, satisfeita, com pressa, desesperada etc etc etc.

Necessidade: Ouvindo e interpretando o sentimento, você passa a entender qual a necessidade daquela pessoa. Apenas ser ouvida, ajuda na resolução de um problema, elogios por algo que fez e etc.

Pedidos: Só depois de toda essa análise que você sugere, direciona ou pede algo pra pessoa.

Consegue entender o valor disso? É efetivamente a ação que você toma pra fugir de discussões inúteis, se livrar de conversas onde o único objetivo é ter razão, onde tem razão quem fala mais alto, tem razão quem tem a patente maior ou algo parecido. De forma clara e assertiva.


Comunicação é uma arte!


E tudo isso sendo aplicado no dia a dia pode despertar no time um senso de pertencimento muito grande. Externalizar seus sentimentos, não guardar pra si, sejam eles positivos ou negativos, que sejam compartilhados. E a partir daí você tem insumos para lidar com cada sentimento, afinal de contas os processos e as ferramentas não tem sentimentos, as pessoas sim. Um ambiente honesto e transparente te permite lidar com as questões que efetivamente vão fazer o time vestir a camisa e trabalhar de forma agradável e motivada.


Onde todo o resto é consequência. Você melhora, muda ou implementa novos processos a partir do momento que as pessoas jogam junto com você. Você dá e recebe feedbacks honestos a partir do momento que as pessoas confiam em você e sentem o ambiente propício pra isso. Você evolui enquanto profissional e ajuda a evolução dos outros a partir do momento que as pessoas permitem isso porque confiam em você. E confiança não é te seguir ou reproduzir apenas o que você direciona, confiança é sentir a vontade de sugerir seu próprio caminho, se sentir livre e empoderado. A partir daí a gente pode falar de responsabilidade social no ambiente de trabalho.


Mais uma vez pra deixar bem claro. Esses são relatos de experiência própria, obviamente eu não quero que soe de forma prepotente e que pareça que eu acho que o mundo inteiro deveria ser assim. Existem vários e vários contextos por trás de tudo isso. Não to aqui pra "cagar regra" e nem querer parecer exemplo.. A reflexão serve para entender o caminho que foi percorrido, desfrutar e aprender sobre ele. E a partir disso construir o nosso colar onde cada pérola é uma ação tomada para evoluir dia após dia. Sendo grato pelo trajeto e não só pelo objetivo no fim.

2022 foi um ano desafiador e 2023 ainda tem muita coisa a ser melhorada e evoluída, obviamente. Como disse lá no começo, o constante aprendizado e evolução de todos fazem que naturalmente estejamos suscetíveis a erros e acertos. Tudo que evoluímos precisa ser desfrutado, tudo o que erramos, corrigido e tudo que está no radar, continuar em busca diária de melhoria.


Fato é que 2022 me trouxe a confiança ainda maior desse propósito de encontrar ações que valorizem e que possam ajudar na evolução das pessoas. E todo o resto é consequência. Por isso que pra mim, os pilares poderiam ser: PESSOAS, CULTURA, processos e ferramentas.


Obrigado time! Vocês não têm noção do quanto me fizeram bem durante esse ano.

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