E aquela canção, por exemplo. Será que nasceu para ser ouvida?
Será que por um dia sequer vai sair da gaveta e chegar aos ouvidos alheios?
Para ser criticada, elogiada, tanto faz, mas para ao menos ser notada.
E aquela melodia então? Será que algum dia será estudada por alguém que compartilhe do mesmo sentimento que o meu? Por acaso, tocará no coração de alguém inspirado por um turbilhão de desejos inalcançáveis? (Iguais aos meus).
E o que dizer sobre aquelas palavras? Escolhidas de forma minuciosa para compor aquele aglomerado. Será que alguém vai entender o que elas querem dizer? Será que serão traduzidas ou interpretadas de alguma outra forma por algum outro autor?
Essas dúvidas corroem o mais profundo da alma. Da minha alma.
O anseio de criar e desenvolver uma canção capaz de vagar por milhares e milhares de anos pelo espaço. Ao se confundir com os sons deixados por supernovas ou pelas ondas gravitacionais de um possível buraco negro.
Seria a voz, a minha voz, a ser finalmente ouvida. Ouvida pelas estrelas e sentida pelo ar, pelo universo, para o Criador.
O sonho da canção que nunca acaba.
O desejo da voz que não se cala.
Seria o som da vida, o som do universo dando as boas vindas a voz daquele que só queria ser ouvido. E como o primeiro choro de um bebê, seria de uma vez por todas libertado.
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